Estudo: A Sobrevivência do Espírito

Não é preciso “morrer” fisicamente para “sobreviver” espiritualmente, pois sempre viveis na eternidade, a qualquer momento, sem que se quebre o elo de sustentação interior que garante a imortalidade de vossa consciência espiritual. Mesmo quando submetido à lei de retificação cármica, em que o espírito “dorme”, asfixiado no corpo de um imbecil ou delira no corpo do doido furioso, ainda se pode comprovar a sua indiscutível presença, quer durante os fugazes reflexos de consciência, quer na experimentação comum da hipnose. (págs. 13/14)

A volitação é conquista dos que desenvolve o seu poder mental; assim, é óbvio que, quem o possuir, mesmo quando desviado do Bem, pode volitar depois de desencarnado. No entanto, uma coisa é poder volitar e outra coisa ter permissão para volitar, pois aqueles que se aviltam no mundo, embora possuam força mental desenvolvida e inteligência bastante, terão que se situar em zonas densas e de baixas condições vibratórias. Em conseqüência, mesmo que sejam capazes de volitar, a Lei os conservará presos ao solo ou, então, mal poderão ensaiar alguns arremedos de vôo a distancia, porque as suas condições vibratórias não permitirão que passem daí. Não podeis comparar os vôos curtos das aves domésticas, presas ao solo, com o vôo incomparável dos pássaros que cortam o espaço. (págs. 65/66)

O que importa, porém, não é conhecerdes a natureza dos cenários edênicos, com suas sublimidades, mas tudo fazerdes para habitá-los, o que só se consegue através de uma vida digna e liberta das paixões tumultuosas, que intoxicam o perispírito e o impedem de desferir seu alto vôo ardentemente sonhado. Que vale sonhar com os ciprestes do Líbano, os lagos da Itália ou a majestade do Andes, se nada fazemos para conhecê-los pessoalmente? (pág. 67)

A existência planetária é uma perfeita e incessante “iniciação”, em que o discípulo é submetido a uma multiplicidade de provas e práticas que o experimentam e melhoram a sua graduação. Entretanto, se a alma for preguiçosa, carecerá de milhões de anos para chegar a um estado de perfeição que lhe permita gozar da união com Deus. Existem seres (por exemplo, os iogues) que, pela auto-realização, abreviam de alguns séculos certas experimentações que lhes exigiriam longo tempo sob a letargia passiva da Lei do Carma. Eles dinamizam a sua vontade, purificam o coração e extinguem a atribulação pela vida ilusória da matéria, até conseguirem ingressar na “corrente cósmica”, que então os aproveita como novos condutores de almas e prepostos criadores no seio da vida sideral. (pág. 67)

Todo esforço de aperfeiçoamento espiritual, em conjunto com o desenvolvimento mental, não só é o princípio de libertação da roda das reencarnações, como também é motivo de júbilo para os técnicos siderais, pois é sempre um novo cooperador que se inicia na divina arte de “criar” na tela do Infinito. Deveis saber que não existe um pernilongo, uma pétala de flor ou mesmo um galho de urtiga que não tenha sido idealizado primeiramente na mente dos espíritos desencarnados, para só depois ser forjado no cadinho das formas materiais. A criação é eterna, porque as almas que aceitaram a incumbência de “criar” o fazem perenemente. (pág. 75)

Não supondes, por exemplo, que as florezinhas dos campos, que pisais inadvertidamente, são produtos materializados de pensamentos angélicos já projetados há incontáveis milênios. (pág. 75)

Creio que, em face do exposto, não vos será muito difícil avaliar a importância inestimável do potencial de forças mentais que podem ser desenvolvidas sob a influência de um coração magnânimo. (pág. 75)

A música é um prolongamento vivo da alma e é mensagem afetiva e apreciada em qualquer região cósmica em que se manifeste, tanto quando se resume apenas num punhado de sons brutais que se afinam à natureza rude do zulu, como quando se transforma numa encachoeirada fusão de melodias vibrando num oceano de sons, para servir de pouso às esferas rodopiantes e enlevo sideral aos arcanjos constelares. É um cântico divino e sublime da vida, que o Criador inspira à alma para acelerar a sua ventura eterna. Deus, o Regente Cósmico, organiza e dirige a orquestra sinfônica sideral sob a sua batuta eterna. (pág. 105)

O papel importantíssimo da música sobre as nossas almas é o de “desmaterializar” a nossa personalidade inferior, para eclodirem em nós os sentimentos definitivos do anjo criador. Ela apura a nossa emotividade e adoça a razão, impelindo-nos para realizações as mais pacíficas e generosas. Assim como a melodia terrena vos transmite o sentimento ou a emotividade do seu autor ou compositor, a música celeste cumpre o mesmo objetivo, trazendo em suas asas magistrais a mensagem sonora dos arcanjos e do próprio Deus. (pág. 106)

Mas para além das comunidades espirituais do astral próximo da Terra, a música celeste é alimento predileto dos anjos, e se encontra muitíssimo distante de nossa atual execução sideral. Não existe cérebro encarnado capaz de entendê-la pelos sentidos humanos, assim como também não pude encontrar alguém, por aqui, que me pudesse explicar satisfatoriamente. (pág. 107).

A sua exata compreensão só é possível depois que tenhamos passado pela experiência pessoal de senti-la, pois a música celeste, na verdade, não se prende à pauta e ao tempo, nem obedece às regras traçadas pela limitação dos sentidos humanos. (pág. 107)

As sinfonias e as interpretações musicais, no mundo astral superior, embalam-nos o pensamento e nos favorecem diretamente o espírito, proporcionando-nos um longo êxtase, porque não nos associam qualquer lembrança perturbadora durante esse gozo pleno de emoção angélica. A precariedade visível e funcional dos instrumentos terrenos, que afeta o espírito durante a sua execução musical, não existe aqui, porque a instrumentação astral não é rude no seu aspecto, nem primitiva no seu funcionamento, mas de substância tão aprimorada que não dificulta a pureza iniciática da música. (pág. 125)

Os espíritos desencarnados e aflitos, que ainda permanecem vagando nos lares, hospitais e cárceres, ou então, em lugares dos quais não podem se desligar por falta de ânimo e energia, reanimam-se e sentem-se balsamizados quando são envolvidos pelas ondas benfeitoras da harmonia musical. Sob as doces vibrações dos acordes musicais, eles se aquietam e evocam os panoramas afetivos e pacíficos, que então lhes suavizam a retina espiritual desgovernada; emocionam-se e comovem-se nos mares de sons terapêuticos, porque também lhes infundem na alma certa vibração sedativa de religiosidade benfeitora. Deste modo, surgem as condições favoráveis para que as próprias entidades benfeitoras possam socorrê-los com mais êxito e auxiliá-los na mudança vibratória para melhor padrão astral. (pág. 130)

É conveniente que os músicos da Terra saibam que a terapia musicail, que já se aplica nos hospitais, presídios e que preenche as horas de trabalho e de relações cotidianas, presta grande serviço à espiritualidade, uma vez que comove, aquieta e nutre as almas infelizes, que ainda se imantam à crosta terráquea e temem enfrentar um novo destino. A música é uma contínua afirmação de que existe um mundo de encanto e de sentimentos elevados, em que nossas almas hão de se refugiar algum dia. Ela influi em todas as nossas tendências físicas, morais e mentais; quando ouvimos melodias que se casam às nossas mais familiares emoções, a nossa alma se anima, desperta, e a vida então nos parece mais prazenteira. (pág. 133)

Na metrópole do Grande Coração há uma Academia de Esperanto, que é admirável instituição devotada ao estudo e à divulgação do generoso e fraterno idioma internacional. Os espíritos que vos têm feito ver a importância da língua Esperanto são entidades que devem merecer de vás o máximo respeito, pois pretendem colocar ao vosso alcance o mais admirável e divino recurso para o entendimento e a confraternização entre os homens, através da palavra. (pág. 146)

A sua reduzida gramática isenta das regras que tanto fatigam a mente do estudante, torna o Esperanto um primor de racionalidade e um monumento de habilidade e inteligência, que ainda mais se engrandece com a sua ortografia fonética e a sua sintaxe de uma simplicidade surpreendente. Ele tem tudo que é necessário para se ajustar aos imperativos do século dinâmico em que viveis, onde tudo é feito às carreiras e o tempo é parcimonioso para o entendimento humano, motivo por que os pensamentos precisam ser resumidos em poucos vocábulos. (pág. 178)

Zamenhof recebeu do Alto a incumbência de firmar as bases internacionais do Esperanto sobre dois terços das raízes do latim, um terço das do germânico e o restante sobre as raízes de outros idiomas já consagrados. Assim, os luminares descendentes desses árias, que de princípio eram os detentores da linguagem nobre e sagrada do sânscrito, também continuarão a interessar-se pelo Esperanto, a fim de que se torne o idioma internacional fraterno do terceiro milênio, identificando com sucesso a mesma ansiedade espiritual de toda a humanidade. (pág. 189)

O papel principal do Esperanto não é o de suprimir draconianamente os diversos idiomas que atendem às necessidades de raça ou povo. No futuro, por efeito de progressivo aprimoramento espiritual, os homens terão extinguido todas as barreiras nacionalistas e viverão em comarcas supervisionadas por um governo único e, por esse motivo servir-se-ão de um só idioma internacional, tal como acontece em Marte e noutros planetas avançados. (pág. 204)

Os “mantras”, tão familiares aos iogues, são peças idiomáticas sagradas que, pela harmonia de sílabas ou letras – quando pronunciadas em sua pureza iniciática – despertam no psiquismo e no organismo físico do homem um energismo incomum e proporcionam estados de desprendimento e euforia espiritual. As palavras “mântricas” possuem grande poder de ação no campo etérico astral, assim como aceleram, harmonizam ou ampliam as funções dos “chacras” do duplo etérico, enquanto que, atuando à superfície do perispírito, auxiliam a sintonização do espírito as manifestações da vida física e favorecem a justa ação do pensamento sobre o sistema cerebral. (pág. 206)

A semelhança entre o Evangelho e o Esperanto provém de que o Esperanto é também um código verbal certo e igual para todos os homens; é de qualidade essencialmente afetiva, porque é eletivo às criaturas de boa índole, que simpatizam com os movimentos universalistas. A sua mensagem messiânica está acima das orgulhosas barreiras raciais e dos patriotismos exagerados; é um admirável multiplicador de freqüência verbal confraternizadora entre todos os povos da Terra, concorrendo para os sentimentos racistas se adocem através de um mesmo entendimento idiomático. (pág. 218)

O Esperanto também significa um dos sinais dos tempos, pois o seu advento ocorre justamente no limiar dos acontecimentos profetizados por Jesus e por todos os profetas bíblicos, e que os sensitivos já podem perceber em desdobramento, no correr dos vossos dias. É um idioma destinado a uma raça superior, mais perto do coração e mais alheio às complicações do intelecto; o seu conteúdo guarda profunda similitude com a mensagem evangélica de Jesus, uma vez que, é também linguagem descida dos céus, convidando todas as raças a vestirem os seus pensamentos e os seus sentimentos com o mesmo traje verbal fraterno. (pág. 227)

Há modificações que se processam no perispírito de certos desencarnados, dando-lhes aspectos exóticos ou repulsivos, em que, muitas vezes, reproduzem as feições de conhecidos animais. Mas é certo que também os encarnados podem revelar em sua fisionomia os mais variados estigmas resultantes das vicissitudes morais, ou então dos vícios alvitantes. A face da criatura humana assemelha-se à tela cinematográfica refletindo as sensações do filme; ali plasmam-se tanto os estados de ventura, bondade e otimismo, como se refletem as subversões íntimas e insistentes do ódio, da cupidez, da astúcia ou da avareza. (pág. 279)

Imaginai, pois, o que acontece quando o potencial vigoroso da força mental pode agir diretamente sobre a estrutura astral do perispírito desencarnado que, por ser dotado de incrível qualidade plástica, modifica-se rapidamente na sua configuração fisionômica. Raros homens conhecem o assombroso efeito do pensamento sobre a ideoplastia do perispírito, que é na verdade o mais admirável prolongamento da mente do mundo astral. (pág. 280)

O perispírito é o revelador de todas as ações ocorridas na intimidade da vida espiritual, e a mente, então, significa o seu aparelho cinematográfico que projeta aquilo que a alma pensa ou deseja. Em conseqüência, ele também reproduz, em suas funções e aspectos, o “cunho permanente”, ou caráter definitivo que a alma já imprimiu na formação de sua consciência individual através dos milênios. (pág. 281)

É uma organização básica que, exteriormente, pode ser analisada pela sua cor, magnetismo, luminosidade, temperatura e odor, como elementos identificadores do temperamento psíquico do ser imortal. (pág. 281)

Examinando o perispírito de cada alma, cuja consciência vem se elaborando na noite dos tempos, os mestres espirituais conhecem a sua virtude ou o seu pecado milenário fundamental, bastando-lhes verificar o “cunho permanente” que se forma na aura perispirítica, cujo diagnóstico dependerá do tom da cor e intensidade de luz, natureza da temperatura e tipo de magnetismo odorante, isto é, repulsivo, balsâmico ou irritante. Examinando outros fragmentos de cores, reflexos luminosos e variações magnéticas de menor importância, conseguem eles também esquadrinhar as demais variações mentais e emotivas, que se produzem acidentalmente na aura do examinando, como produto de sentimentos ou ansiedades transitórias, que ainda não conseguiram causar modificações no caráter espiritual. (pág. 282/283)

De conformidade com a virtude ou estado pecaminoso que a alma desenvolve mais rigorosamente e passe a dominar a sua individualidade no tempo, também se firma um tipo de cor permanente na aura do seu perispírito, capaz de permitir identificar no astral a sua característica espiritual predominante. E as cores principais apresentadas pelo perispírito realmente correspondem às próprias interpretações que a sabedoria humana lhes atribui no mundo da carne, como explicado há pouco. (pág. 286)

Cada perispírito possui o seu odor, magnetismo, cor e temperatura, que constituem o fundo permanente da aura perispiritual e revelam o tom definitivo ou o sinal identificador do grau de evolução da entidade espiritual. É um verdadeiro livro completamente aberto, e exposto sem subterfúgios à visão dos mentores siderais; não há nele possibilidade de qualquer artificialismo ou esconderijo para se ocultarem às mazelas da alma. Enquanto as almas daninhas se atritam incessantemente, no conflito de suas próprias manifestações torpes, as benfeitoras ainda mais se estimam e se conjugam na extirpação de seus defeitos, reconhecendo que a vida angélica é um estado de pureza interior. A configuração do perispírito e os fenômenos que com ele sucedem representam a síntese moral da própria alma, revelada para o exterior. (pág. 288)

O homem que chafurda continuamente no charco das paixões inferiores faz reviver em si mesmo os velhos estigmas da sua animalidade ancestral e, conforme o tipo à paixão que cultuar mais desbragadamente, também provocará em si mesmo um desenvolvimento enfermiço da configuração do animal que mais vivamente reproduza aquele tipo de paixão. (pág. 303)

Daí o motivo porque ser-vos-á possível encontrar no mundo astral glutões de olhos miúdos, encravados num rosto afunilado e de narinas achatadas, com forte estigma suíno; espíritos avaros, de olhos cúpidos e rosto adunco, de mãos e pés crispados como garras, perfeitamente comparáveis à ostensiva figura do abutre; ou então criminosos vorazes e cruéis, com a fisionomia alongada e orelhas pontiagudas ao lado de olhos de aço, que se movem felinamente como o lobo à espreita da vítima. (pág. 303)

Aqueles que se suicidarem em uma encarnação e que, em novo ato de rebeldia, se trucidam em reencarnações retificadoras, são apanhados pelo próprio cientificismo regulador da Vida e agravam, ainda mais, as suas situações dantescas. O Carma os enlaça novamente e eles retornam ao mundo físico amordaçados aos próprios ergástulos de carne; muitas vezes renascem imbecilizados e com fugidio sopro de consciência flutuando sobre o vigoroso instinto de vida animal, que então se encarrega de impedir-lhes a coordenação psíquica para efetuarem qualquer novo ato de suicídio. (pág. 310)

A reencarnação corretiva e a reeducação psíquica atenuada poderão modificar o ex-suicida, transformando-o mais rapidamente num tipo de alma benfeitora e laboriosa e que, após despertar a sua sensibilidade espiritual, ainda será mais útil à humanidade, porque se trata de criatura aprimorada pela razão. Mas ao suicida rebelde, frustrado pelo prazer, ou vingativo, só a dor incessante será capaz de romper os grilhões do instinto inferior e das paixões insaciáveis, que prendem a alma às existências de caprichos e desejos pessoais, à maneira do caramujo na sua concha egocêntrica. (pág. 317)

O suicida se apavora se arrepele diante de sua loucura suicida e a precipitação em destruir-se quando se descobre vivo e ainda em pior situação, no Além. No entanto, se foi um intelectual, podendo dispor de raciocínios ponderados, quando se matou certamente o fez depois de maduras reflexões, quase sempre decepcionado por uma vida em que julgou ter atingido o máximo de emoção e entendimento. (pág. 317)

É inimaginável o sofrimento daquele que atravessa a vida humana carregando exaustiva bagagem à conta de valioso tesouro e, após a morte truculenta, verifica que o seu carregamento é de pedras que deixara de trocar pelo ouro da esperança imortal. Esse mesmo intelecto desenvolvido depois tortura dantescamente o seu dono tresloucado, pois esforça-se em rebuscar o recôndito da alma para achar ali o mais débil espinho da desilusão e da vergonha íntima, para ele ver que é inteligência superlouvada, mas incapaz de criar a própria ventura. (pág. 318)

Os espíritos suicidas que, durante o tempo em que estão desencarnados, em vez da rebeldia teimosa ou da ociosidade deliberada, aceitam serviços sacrificiais e cooperam em favor de outros infelizes, quando depois se reencarnam sempre conseguem atravessar a fase infantil, ou a juventude terrena, algo imunizados contra os perigosos estímulos suicidas que, na forma de verdadeiros “ecos” enfermiços da loucura passada, buscam a mais diminuta invigilância espiritual para se infiltrarem perigosamente no psiquismo e o conturbarem novamente. (pág. 319)

Sempre vos temos advertido de que, mesmo no mundo espiritual não há regra sem exceção. Nem todas as crianças que se suicidam são espíritos exclusivamente de ex-suicidas do passado; do mesmo modo, nem todos os que se suicidam na velhice também são vítimas dos estímulos suicidas pregressos. É preciso não olvidar o terrível problema das obsessões, quando almas impiedosas, desde o berço da reencarnação dos seus velhos adversários, os perseguem obstinadamente com o fito único de expulsar –lhes o espírito do corpo protetor. Auscultam-lhes todas as zonas vulneráveis e aplicam todos os recursos, os mais vis e implacáveis, a fim de levá-los ao suicídio prematuro, mesmo que se trate de espíritos que não se suicidaram no passado. (pág. 321)

O suicídio, em qualquer condição, sempre trai a vaidade e o amor-próprio das criaturas, aliciando-lhes motivos mórbidos para que destruam o sagrado patrimônio do corpo. Cegam-nas, fazendo-as esquecer os martírios e desesperos de outros milhares de criaturas esfomeadas, enfermas, disformes e escravas de todas as explorações do mundo, mas que não se desesperam e continuam a entoar o cântico amoroso da vida e do sacrifício pelo bem espiritual. (pág. 329)

O suicídio, em geral, é uma demonstração gritante de egoísmo e preocupação pessoal: só merece atenuante quando, apesar de ato insensato, a morte é em favor alheio. A abdicação voluntária de si mesmo e a renúncia aos seus próprios interesses para favorecer outrem pode servir de abrandamento após a desencarnação, fazendo também desaparecerem os reflexos suicidas e as lesões do perispírito na encarnação seguinte, mas isso quando a vontade de morrer não se estigmatiza pelo protesto ou rebeldia contra a vida humana, mas se eleva pelo espírito de sacrifício e o desejo ardente de salvar outros seres. (pág. 333/334)

O suicida não causa prejuízos apenas a si próprio; as conseqüências de sua truculência se estendem a outras criaturas, pois não só sacrifica o trabalho dos desencarnados, que cooperam para o êxito da sua encarnação, como ainda subestima o carinho, os cuidados, as aflições e os serviços prestados pelos seus progenitores, parentes, educadores, subalternos e demais seres que a ele se haviam ligado pelos elos da estima e dos mútuos deveres. (pág. 356)

A responsabilidade de uma vida sacrificada estupidamente antes do seu prazo legal não cessa apenas pelo fato de o suicida esgotar a sua dor no mundo astral. É preciso que ele, depois de ter vivido no perispírito os efeitos atrozes dos estímulos mórbidos mentais e emotivos, deva ainda drenar os venenos aderidos aos seu psiquismo doentio, avaliando também a dádiva do corpo carnal, que ainda terá de utilizar por vezes no mundo material, a fim de concretizar o se destino angélico. A técnica retificadora induz o espírito do suicida a substituir o “desejo da morte” pelo “desejo da vida” e a liquidar a insignificante quantidade de “horas-sofrimento” para mais breve usufruir a eternidade de “horas-ventura”. (pág. 356)

O sofrimento a que o suicida se sujeita no mundo espiritual, após a sua desencarnação, decorre exclusivamente da reação natural e científica do seu ato tresloucado, assim como as enfermidades e deformações físicas manifestadas na existência porvindoura serão conseqüência do trucidamento provocado no perispírito. O problema situa-se exclusivamente no campo técnico de forças disciplinadas por leis de química e física transcendentais, as quais o suicida perturba violentamente, pela sua morte propositada e não acidental. (pág. 365)

Embora vos pareça paradoxal, o espírito sofre em vida posterior apenas os efeitos trágicos das causas truculentas que se processaram no seu corpo físico violentado em vida anterior, pois a sua vontade imprimiu na substância sensível e plástica da mente indestrutível a exata fotografia do ato tresloucado, que no futuro o compromete diante da responsabilidade espiritual reencarnatória. (pág. 365)

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